quinta-feira, 12 de março de 2009

episódio 04: a equatoriana



... aguardando a estação para desembarcar, ouvi toda a conversa da moça sentada bem a minha frente. Ela contava para duas amigas a história da equatoriana. A equatoriana de 21 anos resolveu passar o carnaval no Brasil, decidida, arrumou as malas e embarcou no primeiro vôo para SP. No avião sentou-se ao lado do pai da narradora da história. Durante a viagem contou a ele sua aventura, ele assustado com a falta de programação da menina, pois ela não havia reservado hotel, nem nada, e estava chegando em plena sexta feira da carnaval disse a ela que ela deveria ter verificado tudo antes, pois estariam chegando a noite e ela poderia ficar perdida. Desembarcando em SP, o pai se ofereceu ajuda para levar a menina a um hotel provisoriamente, até a manhã seguinte procurarem um local adequado. Ela aceitou e o único hotel que ele conseguiu acomodá-la foi em um na Pç da República. A menina que eu resolvi chamar de Janete resolveu conhecer o carnaval paulista, deixou sua mala no quarto e saiu para a noite paulistana, voltando meia hora depois sem dinheiro, sem documentos, sem cartões e sem nada que tinha dentro da pequena bolsa verde limão. O Pai na manhã seguinte, como combinado, foi resgatá-la e assustou-se com a notícia, ele tinha alertado ela quanto a não sair do hotel...
A menina não tinha dinheiro, não tinha documentos, não tinha nada...
Jair como resolvi chamar o pai, levou Janete para casa, pois até o consulado liberar seus documentos e etc, ela estaria perdida. Janete chegou na Vila Madalena e conheceu Marlene a mãe, Carolina a narradora da história, e Artur o cachorro fox paulistinha que havia sido criado pela família desde pequeno.
Artur não gostou da estrangeira desde o início, mas se adaptaram do jeito deles, ela evitando-o ao máximo e ele latindo loucamente toda vez que a via pela casa. Janete passou o sábado de carnaval fazendo programas com a família. A noite foram ver o desfile das escolas de samba e ela ficou completamente encantada e apaixonada por todas aquelas cores e alegria. Na volta, Carolina arrumou uma cama no seu quarto para acomodar a visita. Na manhã de domingo quando Carolina acordou e Janete não estava no quarto, mas suas coisas ainda estavam lá. Ela não estava em nenhum lugar da casa, nem ela, nem Artur. Já era segunda feira quando encontrei com ela no metrô, e a equatoriana ainda não tinha dado sinal de vida.
Estação Tietê anunciou o motorista, e eu desembarquei.

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