segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

retrospectiva!


Nem sempre sei quem sou. Ontem não gostava de beterraba, hoje gosto. As vezes surpreendo a mim mesma e aos outros, as vezes sou o que você espera que eu seja, o que você deduziu que eu fosse... outras vezes posso te surpreender, horrorizar, te encantar, deliciar, te enervar! Falo tão claramente o que penso e tenho atitudes tão transparentes que os outros as vezes não entendem ou acham que estou brincando. Pergunto diretamente o que me interessa, e falo abertamente o que quero... e o que não quero, mas algumas pessoas se fazem de desentendidas, ou riem, que pena... para elas, por isso rio também!! Canto desafinado, mas canto mais alto que todos que estão cantando, costumo dançar esquisito e usar vestidos estampados com xale, alguns acham estranho mas eu gosto. Num mesmo dia posso ser a pessoa mais feliz e infeliz do mundo. Amo e odeio ficar sozinha. Adoro cachorro, porque eles olham nos olhos e realmente não precisam falar nada. Acho estranhas as pessoas que criam uma fantasia e fazem uma cena para conseguirem o que querem, sendo que se falarem sinceramente é tão mais fácil, porque sabemos quando estão mentindo. Mário Quintana diz: Nunca olhe nos olhos de alguém, se não quiser vê-lo se derramar em lágrimas por ti. Penso o contrário, com todo o respeito, mas olhe nos olhos de todos, e deixe ver o que você realmente deseja.
Gosto de flores no peitoral da janela do quarto, e gosto das festas na minha casa, (adoro). Gosto de confiar, de abraçar, beijar, demonstrar, questionar. Às vezes as pessoas que eu questiono não entendem realmente o porque, mas para mim não importa porque só conhecemos aquilo que cativamos, e elas realmente não me conhecem!

recontando!



o tempo que cura, e o tempo que adoece, o tempo que renova e amarga,
que preenche e esvazia.... esvazia..... de quanto tempo estamos falando?
o tempo que espera... espera.... de quanto tempo estamos falando exatamente?
como vivemos no compasso do tempo, desse mesmo tempo se para mim o tempo é mais rápido, e demorado...
nem todos os dias tem 24h!
quanto tempo dura uma saudade?
demora.... demora...
e quando chega passa rápido, rápido!
e demora.... devora....
que relógio pode contar a falta que eu sinto de você.....
meu Deus, mas...
quem é você?

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

reconhecimento total!



Prefiro morango. Prefiro morrer de amor, do que viver sem amar. Prefiro arriscar tudo mesmo desconfiando que não vai dar certo. Prefiro tomar a iniciativa do que esperar que alguém faça alguma coisa. Prefiro tocar do que dançar conforme a música. Prefiro pintar a unha de azul do que seguir a moda. Prefiro ficar sozinha do que mal acompanhada. Prefiro ser atriz sem grana do que advogada rica. Prefiro samba que música eletrônica... porque bate no coração e na alma, porque posso ser o que eu quiser inclusive uma advogada rica, porque sou uma ótima companhia, porque gosto de unha azul e foda-se a moda, porque se quero um rock... é um rock que eu vou ter, porque assim as coisas se resolvem mais depressa, porque tudo muda sem a gente esperar, porque amar é viver, porque é doce... e azedo!

de novo o inesperado!


O que chamou a atenção foi o som da flauta que mesmo sendo transversal era doce. Sentou na janela do quarto, a brisa compunha a cena fazendo seus longos cabelos indicarem a direção do som. Ali de cima ela podia ver tudo, toda a vizinhança. Os quintais das casas de trás, as fachadas das da frente, e as janelas das que também eram sobrados. As vezes espiava pela fresta da janela por um dia inteiro a rotina de uma casa, gostava de saber como as pessoas agem quando não sabem que estão sendo vistas. Viu aquela briga do casal da frente, a discussão durou três dias, e a reconciliação seis, acompanhou cada capítulo com imenso entusiasmo. Viu quando o cachorro da vizinha morreu, e não tinha ninguém em casa, viu quando eles chegaram e a tristeza. Ouviu e viu os dias que a criança da esquerda a frente gritava chamando o Papai Noel e o vizinho colado aqui a direita respondia ho ho ho, e a menina ficava muda olhando com cara de quem viu assombração, mas feliz. Não comentou com ninguém, agiu como se fosse segredo, e as vezes a menina ia até a janela e chamava novamente por ele.... e ele respondia... e ela saia satisfeita. Hoje todas as janelas estavam fechadas menos essa. A Lua não apareceu nesse dia, mas haviam algumas estrelas, poucas, mas presentes. As nuvens brancas contrastavam com o azul escuro do céu, e também seguiam o som, tomando formas que só para ela faziam sentido. O telhado da casa da frente cobria o terraço da casa do outro lado da rua, onde estavam todos eles tocando e cantando, ela não via, mas ouvia cada nota. Uma voz linda cantava Chico, sua música preferida, numa afinação surpreendente, pensou em ir até lá e tocar a campainha, mas sentiu que o resto também lhe dava muito prazer. Olhar as nuvens, as casas dormindo, o perfume que a brisa trazia, o friozinho da madrugada, tudo se encaixava perfeitamente com a música, viu que queria estar exatamente ali, onde estava. Gostava de ficar sozinha, mesmo sendo sábado. Pensou que poderia estar em milhares de lugares nesse momento nessa cidade grande, cheia de infinitas possibilidades, mas realmente preferia estar ali. A dama da noite floria de novo, flores tão pequenas e tão perfumadas. Olhou em volta e algumas casas já piscavam as luzinhas de Natal. Algumas amarelinhas piscavam desordenadas nas sacadas e janelas de uma casinha bem a direita no fim da rua, e umas vermelhinas e verdes acompanhavam o telhado duas para cá. A esquerda do lado de cá da rua via um Papai Noel inflável preso no muro. Ele não estava nem em cima nem embaixo, estava amarrado bem no meio do muro, flutuando. Ela lembrou da mãe que iluminava a casa toda no Natal. Contornava cada porta por dentro e por fora. Eram luzinhas brancas que piscavam e tocavam música. O pai companheiro como sempre tratava de pregar tudo com seu cuidado especial. E tudo ficava lindo. Iluminado.
De repente a música parou, ouviu a conversa de longe, mas não entedia o que diziam. Ouviu eles entrando na casa e nessa hora, que acenderam a luz de dentro, viu todos passarem pela sala com garrafas, copos, e instrumentos... carron, flauta, chocalho, baixo acústico (grande e lindo, ela ficou hipnotizada durante a sua passagem breve pelo curto espaço da janela), acordeon, pandeiro, e violão. A última a passar que estava sem instrumento nenhum aparente, e devia ser a dona da voz, fechou a janela. Ela olhou a última vez para o céu e pulou para dentro do quarto, deitou e se enrolou no cobertor macio, e fechou os olhos, tinha muitas coisas para pensar agora.

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

A avó



Desde pequena sua avó lhe ensinou:
Minha filha, só faça questão, de quem faz questão de você!

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

o oco!


Ela apoiou os cotovelos na sacada de ferro gelada, a rua estava deserta e a pouca luz dos postes refletia nos paralelepípedos molhados pelo chuvisco, dando um tom adouradado à cena. Puxou o último cigarro do maço, prendeu-o entre os dentes e observou quieta por um instante o barulho do silêncio. Então, acendeu e deu um longo trago saboroso, enchendo os pulmões de fumaça, e soltando vagarosamente deixou tudo sob uma névoa branca e densa. Não ventava muito naquele verão e as poucas árvores que davam à rua um aspecto de interior, estavam intactas no dourado nebuloso daquela noite de terça feira. Pareciam olharem para ela, compartilhando cada tragada daquele silêncio oco. Virou-se e viu o quarto de colcha rosa e armários brancos. A pequena luminária ligada na tomada era quem iluminava tudo de lilás. A porta da sacada de vidros coloridos estava entreaberta e registrava seu reflexo parada, fumando. O vento começou de repente, as folhas desprendiam-se das árvores e dançavam sincronizadamente como num balé. Ela já tinha visto essa cena, num outro dia, menos triste e menos vazio. Os pingos cheios começaram a cair e deram um ritmo duro a situação toda. E ela, permaneceu ali, parada, fumando. Deixou a chuva molhar seus cabelos curtos, seu corpo inerte, e suas unhas azuis.

terça-feira, 27 de outubro de 2009

Regime!


O gosto do beijo não dado, é que tem gosto de bombom
Tem medo que o beijo roubado, termine a frase com não
E desse suspeito nublado, está sim abrindo mão
Pois não sabe se o beijo não dado, quer ser roubado ou não

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

resposta a uma amiga!


Alguém especial, ou simplesmente alguém...

Quem me tire o ar, ou simplesmente quem...

A boca pra beijar, ou simplesmente a boca...

A mão pra segurar, ou simplesmente o toque...

O pé pra roçar, ou simplesmente o
tênis ao lado da cama...

Que pedaço? Que pedaços?

Que eles façam o todo, e que o todo seja todo meu!

terça-feira, 29 de setembro de 2009


Branco.... muito, muito colorido...
Aqui ó, não aqui!
Parece vazio, mas está cheio, cheio demais...
Cheio demais para escrever sequer um única palavra a respeito disso tudo...

terça-feira, 28 de julho de 2009

coração de luto



Mil vezes pior que perder um amor, é perder amigo!
E mil vezes pior que perder um amigo, é não saber onde foi que a gente se perdeu.

Eu sinto saudade faz tempo... mesmo tendo você todos os dias aqui!

segunda-feira, 20 de julho de 2009


No trava da língua, que trava a palavra da frase a prosa que eu ia dizê.
No trava destrava do susto no peito, que prende o suspiro, sempre que te vê.
O nó na garganta que seca a saliva, que sobe e que desce parecendo tê.
A trava no zóio que se abre depressa e quase não pisca seguindo ocê.

inspinho mardito



Hoje a cama tinha inspinho
cada baita inspinhão
se eu virava de riba, cutucava bem na testa
se eu virava de vórta, bem no coração
se eu virava de bruço, furava na boca do estômigo
e de barriga pra cima, me expursava do cochão

Eita inspinho mardito
isso é hora pra cutucá?
o dia já raia lá fora
inté o galo se pois a cantá
e os cutuque desse inspinho num me deixa discansá

O que me acalenta o peito
é sabe que logo cedinho
um frôr linda e prefumosa
vai sair desses inspinho

sábado, 18 de julho de 2009

Eu... não fui.



Como se tivesse ouvindo Chico cantando (À flor da pele) para sempre na vitrola. Como se tivesse assistindo um filme num videocassete que só tem o botão de Play, ele não pára, não volta, nem acelera, ele não tem intervalo e também nunca chega ao fim. Ao fim que eu já estou cansada de saber... mas que nunca chega.
Eu mesma corto cada mecha e deixo meus cabelos curtos. Eu uso meu suspensório. Eu pinto as unhas de azul e falo pinto na reunião.
Eu não atendo. Eu não respondo. Eu não vou.
Ontem eu gostaria de ter ido, mas não fui.
Os motivos? Óbvios.
Meus amores? Fugiram.
Meus amigos? Queridos.
Meus livros. Meu caderno cor de rosa. Meu lápis da Faber amarelo. Meu computador. Meu copo de leite. Meus filmes na madrugada.
E principalmente, meus pensamentos.
Esses que não me deixam dormir, e também esses que me fazem dormir demais.
Esses que não me deixam sair, e são mais brancos que coloridos.

sexta-feira, 17 de julho de 2009

Almoço com o Lucão



ELA: Tá vendo esse mosquitinho aqui? Como ele pode existir, né? Ele é tão pequeno....
Como pode existir um ser tão frágil nesse mundo? Um serzinho vivo que vai e vem sozinho por aí... Será que ele pensa?
ELE: Não.
ELA: Mas se ele não pensa, como sabe que existe?
ELE: Ele não sabe.
ELA: Ele não sabe???? Mas... quanto tempo ele vive? Um dia, uma semana? Então para que ele vive?
ELE: Para quê vc vive?
ELA: Para quê ele vive uma semana só?
ELE: Para quê vc vive 80 anos?
ELA: Nãããão.... quero dizer qual é a sua função na natureza?
ELE: Então... qual é a sua? Se vc acredita em um Deus, e acredita que tudo tem uma função... eu não sei, mas eu acredito que ele simplesmente existe.
ELA: Mas tipo... ele nasce e sai voando? Simplesmente não sabe nem para onde ou porque... se reproduz com uma mosquita e morre, é isso? Ele não pensa tipo... agora eu vou voar para lá, agora para cá... que graça que tem? Como ele sabe que tem que se reproduzir? Como ele sabe como fazer isso? Como é esse tal de instinto? Ele é como se fosse... programado?
Eu conheço uma formiga que pensa...
Eu conheço formigas pessoas, e pessoas mosquitos.

segunda-feira, 13 de julho de 2009

TITO - O véu de Berenice



Então eu li:

"... o imperador de Roma, dissera-lhe ele, pode fazer tudo, não tem outro freio, outro controle senão a si próprio, e isso é o que pode acontecer de mais terrível a um indivíduo. Se tantos dementes ocuparam o trono dos Césares, é porque se trata de uma função que causa loucura..."

sábado, 11 de julho de 2009

repostagem!



Só no inverno eu consigo me lembrar do frio que faz o vento frio do inverno... e só no verão eu consigo me lembrar do cheiro das chuvas fortes de verão. Hoje ela durou exatamente 30 segundos. Subi as escadas correndo para fechar as três janelas. Fechei a primeira, e vi pelo vidro a cortina de água formada lá fora, gotas grossas e rápidas caiam do céu como se tivessem vida, formando e desformando desenhos sob os telhados, determinadas a cair. Corri, fechei a segunda, e ouvi o vento regendo a orquestra, fechei os olhos e ouvi o som.... a música. Corri, mas já havia molhado a colcha azul, e antes que eu alcançasse a terceira... a chuva parou. Debrucei na janela molhada e estendi a mão para fora, senti o vento suave.... mas nem uma gota de chuva... nem grossa, nem fina. A dama da noite dançava com o vento... movimentos circulares e leves acompanhavam o canto suave, e seu perfume se espalhava mais que o normal, como se estivesse mais feliz. A orquídea amarela que nasceu ali por acaso, acompanhava agarrada no tronco. Fiquei ali observando com a mão esticada...
Cai chuva cai... quero dançar também, hoje eu realmente não me lembro do frio que faz o vento frio do inverno.

sexta-feira, 10 de julho de 2009

eu quero um texto...



Que me caiba na boca
Que me caiba nas mãos, no osso torto do ombro
Que te faça chorar
Que te faça voar
Que me faça chorar e rir... e ir
Que nos tire a respiração
Que me acelere o peito, e o seu junto
Que me formigue as mãos, e as suas também
Que me bambeie as pernas, e te leve comigo
Que te faça sair em silêncio
Que te faça sair falando e falando
Que te faça ficar, o meu canto
Que me sinta em cada pausa e movimento, em cada respiração
Que te olhe nos olhos e mostre o quanto eu amo fazer isso
Que me olhe nos olhos e veja a verdade naquilo tudo
Aquilo tudo que não existe...
Só para quem estiver ali,
Eu... e você!

terça-feira, 30 de junho de 2009

dá só uma olhada!

Adeus!



"Pina Bausch morreu no hospital e teve uma morte repentina e rápida, cinco dias depois de ter um câncer diagnosticado", anunciou a porta-voz do Teatro Wuppertal, Ursula Popp.

segunda-feira, 29 de junho de 2009

Quite inverno para solteiro:



- Se tiver sem pressa para dormir, o segredo é ferver 3 litros de água e dividi-los em duas garrafas pet e coloca-las embaixo das cobertas 15 minutos antes de deitar.

- Se tiver com pressa para deitar logo, deite e ligue o secador de cabelo 10 minutinhos embaixo das cobertas.

- Um copinho de confete do lado da cama é essencial porque o suprimento da carência emocional proporcionado pelo chocolate é comprovado cientificamente. A feniletilamina, presente no cacau, é conhecida também como o “hormônio da paixão”. Cientistas explicam que, quando estamos apaixonados, o organismo produz mais dessa substância. Por isso, quando solteiros, um chocolatinho sempre vai bem.

- Um chazinho de camomila também é ótimo para dar aquele soninho gostoso.

- E claro, um bom livro para distrair a mente antes de pegar no sono. Faz bem para a cabeça e afasta aqueles pensamentos indesejados.

E assim, você continua um solteiro feliz, até no inverno.

E de novo e de novo:



Às vezes eu penso antes do pensamento, na tentativa de abarcar o mundo em mim, e me tornar assim, um ser humano profissional.


Porque são 4h13 da manhã e o meu rim dói. Ele sempre dói quando eu fico nervosa ou ansiosa. Está frio e meu corpo sofre de espasmos, uma tremedeira que não passa mesmo eu já estando quente nas cobertas. Então, eu tenho que levantar, pegar meu caderno de anotações, a caneta duas cores, e mesmo no escuro escrever as duas primeiras páginas do meu próximo roteiro para o concurso.



Perfumes me inspiram.... e sabores, e olhares. Coisinhas que duram apenas um segundo, ou uma noite, e rendem semanas de sonhos, papéis e canetas... e escritas no escuro quentinho.
Às vezes são coisas bem sem importância, mas que eu fantasio e fantasio... só para escrever melhor.

terça-feira, 16 de junho de 2009

A menina lê... e chora... e ri e chora ao mesmo tempo.



A arte, a grande arte, a pequena arte, até a arte invisível pode modificar algo ou alguém, alguém que olha e não entende nada, mas olha, e também aquele que acha que entendeu tudo. É ela que nos tira desse vai e vem da vida, é o que nos faz suspirar sem ser por amor, é o que mexe na alma da gente, é o que nasce naquele momento e é só nosso, e essencial para a nossa existência.
Nós temos que viver... e ver, e sentir, e tocar, e ouvir.... e viver!

domingo, 24 de maio de 2009

do filme - A mulher do Patrão, com o terço na mão.....


###descobre######################################
############que##################################
################Deus#############################
#####################para########################
##########################mostrar################
##################################um#############
###################################caminho#######
#################################...#############
##############################dá#################
##########################um#####################
####################jeito########################
################...##############################
#############um##################################
################jeito############################
#######################só########################
##################dele###########################
##############...################################
###########um####################################
##############jeito##############################
####################,############################
######################que a gente nem imagina...

Pode confiar.

(e guarda o terço no bolso.)

quinta-feira, 14 de maio de 2009

J. F.



Tudo perfeitamente em ordem dentro da desordem natural da sua vida, mas especialmente aquele dia, acordou pensando:
Hoje vou acordar... e me deprimir.
To doido para ficar triste....
Todo dia quando eu penso nos meus problemas, sempre tem alguém por perto que merece ficar triste mais do que eu.
Hoje eu vou sim ficar triste, triste.
Acordo deprimido, aí fumo um cigarro olhando fotos de pessoas que nem importam mais e choro.... aí vou na padaria tomar um café sozinho deprimido, ando pela rua cabisbaixo, sem rumo, passo na locadora e pego três filmes: "Dançando no escuro", "Corrente do bem" e "A espera de um milagre", volto para a casa deprimido, desligo o celular, choro e choro comendo pipoca sozinho assistindo um, dois, três filmes, e resolvo tomar uma doze, duas, três, deito deprimido, penso em mais alguma coisa para dar a última choradinha, escrevo um poema sobre o amor, e durmo assistindo Casos Extraordinários na Discovery, o fabuloso caso das irmãs siamesas grudadas pela coluna.
Na manhã seguinte levanto as 6h e vou trabalhar feliz, tudo perfeitamente em ordem dentro da desordem natural da minha vida.

Um poema sobre o Amor



(Hoje eu acordei deprimido e quis escrever um poema para o Amor...
Fiquei horas pensando nele
Não consegui escrever nenhuma palavra.
Existe alguém não lembrar do Amor?)

Não me lembro do Amor...
Leio sobre ele,
Assisto,
Ouço casos lindíssimos...
Mas não o conheço.
Não sei o cheiro,
O gosto,
A forma....
Não sei o endereço,
O nome,
Nem o telefone.
Não me lembro do Amor...
Dizem que já conheci,
Mas não me lembro...
Procurei muito por ele,
Uma notícia que seja,
E nada!
Procurei nos bares,
Festas,
Trabalho,
Supermercado...
Procurei na rua,
Nos carros,
Nas fotos...
E agendas....
Procurei nas gavetas...
Nos armários, estantes...
Procurei dentro de cada livro,
Nos CDs e cartas....
Procurei até nas xícaras,
E na mesa da cozinha...
E nas coisas da pia do banheiro...
Mas não vi nenhum sinal dele, em nenhum lugar...
Me peguei um dia desses em casa chamando:
Amor??? Amor??
E ouvi:
Amor?? Amor??
E silencio....
Todos falam tanto dele...
Procurei, e procurei.
Desisti.
Tudo bem!
Hoje acordei como de costume e surpreendentemente dei de cara com ele no espelho do banheiro, e pude ver que o tempo todo ele estava ali, mas não sei porque eu não via!

sexta-feira, 24 de abril de 2009

CENA 1:



Sexta, 24 de Abril de 2009, 16h24, chove. A janela está completamente fechada e a cortina completamente aberta. A temperatura? Friozinho. Eu visto um casaco de lã bege, uma camisola listrada que não aparece, e estou coberta com o lençol branco desenhado em cinza e preto e por cima o edredom rosa. A luz está apagada, tudo está na penumbra. O computador está ligado do meu lado esquerdo, apoiado na cama. Nada se mexe, só o meu peito que respira profundamente e o letreiro que anda da direita para a esquerda sem para no fundo de tela do computador dizendo: Uma boca antiga. Escrito em rosa.
Os meus olhos olham fixamente essa cena que dura exatamente 1 minuto.

Ditado por ela



Havia uma loira sambando... sambando... num movimento suave, sambando... sambando...
A casa era dela, todos estavam ali, mas só ela sambava e sambava embaixo da luminária.
O apartamento era um Loft, muito bem arrumado e de muito bom gosto.
O som era agradável, o vinho escolhido a dedo, e no banheiro havia uma placa:
Não urine no chão,
Jogue o papel higienico no cesto.
Após o uso dê a descarga.
Lembre-se: Depois de você outros utilizarão o sanitário.

quarta-feira, 15 de abril de 2009

poema primário


Eu pulo
no escuro
no passo da vida

Eu subo
no muro
Eu acho a saída

Eu tô lá
Eu tô cá
Ninguém sabe onde eu tô

Nem eu sei
Bem ao certo
Se vô ou num vô

Mas só juro
Que mudo
Se eu achar você

E se um dia
Ao acaso
Ocê me querê

Num mudo
De graça
A toa, nem vem

Só pá
Se for sério
Casório e nenêm

terça-feira, 14 de abril de 2009

eu só via o vazio no cheio



O calhamaço de discos ainda estava empilhado no canto da sala escura. A lâmpada já estava queimada há três dias... mas eu não liguei. O maço de cigarros ainda estava pela metade e o gelo do guaraná já havia derretido. O casaco apoiado na cadeira, o mesmo pedaço de livro não lido no sofá, o mesmo abraço não dado, a mesma despedida não feita. O susto. O susto. O medo, o vazio, o frio, a solidão, a dor... já não estavam mais. O susto, o surto. As pimentinhas já murchavam na sacada, o gato andava de lá para cá inquieto... fome talvez. O mesmo disco riscado toca Roberto na vitrola. A mancha de molho de tomate já secou na toalha branca da cozinha, mas eu não liguei. Havia dez novos recados na secretária, muitos diziam:
Mônica....
Mônica atende...
Mônica atende!
Você não pode ficar trancada aí para sempre!
Você tem que aceitar....
Mônica, ele morreu você tem que aceitar, abre essa porta!


Eu sabia! O que ninguém sabia, era que eu prometi para ele, que não ficaria um dia sequer sem vê-lo!

domingo, 5 de abril de 2009

a formiga: PARTE 2



A famosa nega maluca da minha mãe foi a única coisa que eu aprendi a fazer de sobremesa, e especialmente naquela noite o bolo saiu incrivelmente lindo, perfumado, e cremoso. Tirei ele do forno e já vi que estava perfeito, apoiei a forma em cima do fogão desvirei. O bolo ficou mesmo perfeito. (1 xícara de chá de leite morno, 3 unidades de ovo, 4 colheres de sopa de margarina derretida, 2 xícaras de chá de açúcar, 1 xícara de chá de chocolate em pó, 2 xícaras de chá de farinha de trigo, 1 colher de sopa de fermento químico em pó. Bata bem todos os ingredientes da massa no liquidificador. Coloque em uma fôrma redonda, untada com manteiga e polvilhada com farinha de trigo. Asse por cerca de 40 minutos em forno médio (180º graus), pré-aquecido). Cobri a massa fofa com a calda grossa de chocolate (Uma xícara de açúcar, Duas colheres de manteiga, quatro colheres de Nescau, uma caixinha ou lata de creme de leite, se quiser pode por um pouco de leite condensado. Esquente tudo em banho-maria, até engrossar), que derramava pelos cantos do prato. Peguei o bolo para colocá-lo em cima da mesa, e quando eu virei... lá estava ela, sozinha, me olhando. Fingi que não vi e virei para apoiar o bolo em cima da mesa, quando me virei de novo para sair da cozinha, ela estava exatamente atrás de mim, como que se estivesse seguindo o bolo, ali, parada exatamente atrás de mim como uma mini assombração. Resolvi então fazer uma armadilha. Coloquei uma assadeira cheia de água em cima da mesa, um copo virado de boca para baixo bem no meio dela, e apoiei o bolo lindo em cima do copo. Virei com um sorrisinho no rosto, apaguei a luz e sai. Umas duas horas depois voltei na cozinha para apreciar minha obra prima... e não é que a disgramenta tava lá, parecendo u confeito bem no meio do bolo. Assim que me viu tratou de se fingir de morta, acredita??? minha indignação foi tanta que eu queria esmagar ela ali mesmo, com bolo e tudo, afogar ela naquela cobertura suculenta, mas pensei, seria uma morte muito agradável. Tirei ela dali com a pontinha de um garfo e coloquei ela de novo no chão, bem no meio da cozinha, apaguei a luz e sai. Eu ia descobrir a façanha dessa danada, não era possível que ela soubesse nadar. Fui até o meu quarto, peguei meu óculo óculos ambervision (que você vê no escuro), votei de mancinho e sentei no cantinho da porta da cozinha do lado de fora, coloquei só a cabeça para dentro e comecei a procurar a morfética. Ela estava determinada subindo a parede da cozinha, nem me viu, e eu fiquei lá só de olho. Esperei os 20 minutos todo o percurso estratégico dela e fiquei chocada com o plano. Você acredita que ela escalou toda a parede e andou pelo teto até parar exatamente em cima do bolo e como uma mini suicida se jogou e caiu exatamente no meio do bolo. Fiquei uns dez minutos parada embasbacada olhando essa, essa, formiga. Acendi a luz e fui até lá, e lá estava ela se fingindo de morta, que raaaaiva!!! Pensei e decidi que dessa vez ela merecia uma trégua, cortei um pedacinho do bolo, coloquei ela em cima e coloquei o pratinho na pia e fui dormir. Na manhã seguinte fui comer finalmente meu bolo, e.... o pratinho da pia estava vazio, e ela estava lá, em cima do meu bolo de novo, pode?

o mamão formosa e você!



Você está enrolado no meu mamão!
Ontem eu comprei um mamão verde. Meu amigo que mora comigo disse: Cá vamos enrolar o mamão num jornal para amadurecer mais depressa? Concordei.
Hoje quando fui espiar... lá estava vc enrolado no meu mamão.
Uma foto bonita e grande, cobria toda a superfície do mamão formosa, e o itaú quase não aparecia!!

as cenouras, o quintal, e eu!



Hoje as cenouras nasceram na horta do quintal, as cebolinhas não, mas as cenouras estão pequenas e lindas. Ontem a noite a dama da noite floriu de novo... foi bem na hora em que eu virei música... acho que era umas quatro e meia da manhã.

episódio 01: o tal cheque




Depois de um perrengue desgraçado, chegou o dia tão esperado. O dia de buscar o tal cheque de quatro mil reais. O lugar era inacreditavelmente longe, tipo.... três ônibus e mais uma caminhadinha de uns 20 minutos. Apertei a campainha e a porta cinza de ferro se abriu, a câmera da entrada olhava fixamente para mim, entrei e fechei a porta. Era um cubículo tipo... 1m por 1m, nas outras duas paredes tinham outras duas portas de ferro cinzas, uma em cada parede e na quarta parede tinha uma janelinha com uma grade grossa e forte, cinza, e um vidro grosso que tinha apenas uma gaveta que ligava cá com lá... e atrás disso tudo do outro lado estava ela, Patrícia, a atendente que deveria me fazer o pagamento. Enquanto ela cuidava de toda a parte burocrática observei que nesse espacico tinham ainda três câmeras no alto das paredes também cinzas. Coloquei na gaveta o recibo e ela me entregou o tal cheque, abriu a porta e eu sai para meus 20 min de caminhada e os 3 ônibus. Eram 14h da tarde e meu ônibus para o Rio de Janeiro era as 17h30. Eu tinha que passar no escritório do cara que me vendeu a nota para carimbar cheque e assim poder depositá-lo na minha conta. Tudo esquematizado, a grana que eu iria gastar na cidade maravilhosa durante o carnaval maravilhoso estava a caminho do banco. Cheguei no escritório as 15h30 com o tempo contado para carimbar e ir direto para o deposito que era ali pertinho, era sexta feira e eu não podia esperar até segunda. Entreguei satisfeita o cheque para a moça, e ela posicionou ele na impressora para imprimir o carimbo no verso, na hora eu disse: Vamos colar ele numa folha sulfite?? E ela respondeu: Não precisa. E deu um ok para iniciar a impressão. Nunca vou esquecer o som de uma impressora rasgando um cheque de quatro mil reais ao meio, foi aterrorizante. A moça que falava no telefone narrava a desgraça, e eu... e eu... não disse nada por uns quatro minutos. A moça que eu nem sei o nome não me olhava e continuava narrando como se eu não estivesse lá. Levantei, pedi o cheque para ela, e fui embora. Chequei em casa, guardei o cheque, fechei a minha mala e num impulso sai correndo para o metrô desesperada para não perder o ônibus.

quinta-feira, 12 de março de 2009

episódio 02: A cega.


Entrei no metrô atrasada, correndo, e passei exatamente um segundo antes da porta se fechar como uma guilhotina. Quando a porta se abriu na próxima estação entrou a cega. Ela era japonesa, tinha uns 40 anos, se vestia elegantemente bem com uma calça preta, uma blusa branca, um óculos escuro bem preto encaixado perfeitamente no seu rosto, e uma longa bengala prateada que parecia ter vida. A cega que eu chamei de Cristina, entrou como se pudesse ver tudo e sentou-se. O metrô parou na próxima estação e surpreendentemente lotou, fiquei observando a cega... o que será que estava pensando??? Penso muitas coisas sobre o que vejo, ali naquela hora milhares de informações visuais sem fim... Às vezes não penso nada, só observo... e ela? Ela sempre tem que estar pensando em alguma coisa... mas o que? Se for cega de nascença então... nunca viu um por do Sol, nunca paquerou, nunca viu o Alaska nem por foto. Com o que ocupa sua cabeça??? Tudo o que pensamos e até o que sonhamos a noite é reflexo de nossa visão, não sentimos cheiros no sonhos, sentimos?? Que mundo é esse que ela vive?? Fiquei muito encucada com isso.. eu sempre tive uma curiosidade intrigante sobre os cegos, sempre quero ser seus guias na rua, como naquele filme lindo sabe? Que ela guia o cego e descreve tudo, tudo o que vê em detalhes andando com ele rapidamente pela rua... pega o cego sem ele esperar, e vai falando, falando, falando no seu ouvido quase sussurrando, o deixa diante de um lugar maravilhoso, e parte. Conheci muitos cegos... mas ela era diferente... agia como se enxergasse.
Próxima parada, estação Paraíso, todos se agitam para descer e ela se levanta e aguarda, calma... eu não consegui me aproximar dela por isso só observei. A porta se abriu num tranco e a massa de pessoas espremidas começou a sair... até que aconteceu uma coisa incrível... a cega passava de mão em mão, todos a encaminhavam para a saída, como uma coreografia ensaiada, e ela, parecia uma bailarina rodopiando, ia confiante sendo guiada por várias pessoas que ela nem sabia quem eram, ela passava de mão em mão, de mão em mão... Apressei o passo para acompanhar o destino de Cristina, mas ela desapareceu na multidão... de mão em mão, com seu óculos escuro bem preto encaixado perfeitamente no seu rosto, e a longa bengala prateada dobrada embaixo do braço.

episódio 03: as unhas cor de rosa.

De repente me deparei com as unhas rosas. Elas eram imensas e intensas, não achei nenhuma foto que representasse isso. A mão dona das unhas segurava firme o cano do metrô, e elas pareciam até uma grande listra. Eu nunca tinha visto isso, unhas tão grandes... elas não eram só grandes no comprimento não, não, não... elas eram largas... uma junto a outra mal se mostrava a carne, era como se fosse tudo uma grande unha.
Estão Sé... as unhas deceram do metro,balançando pesadas na mão boba.

episódio 04: a equatoriana



... aguardando a estação para desembarcar, ouvi toda a conversa da moça sentada bem a minha frente. Ela contava para duas amigas a história da equatoriana. A equatoriana de 21 anos resolveu passar o carnaval no Brasil, decidida, arrumou as malas e embarcou no primeiro vôo para SP. No avião sentou-se ao lado do pai da narradora da história. Durante a viagem contou a ele sua aventura, ele assustado com a falta de programação da menina, pois ela não havia reservado hotel, nem nada, e estava chegando em plena sexta feira da carnaval disse a ela que ela deveria ter verificado tudo antes, pois estariam chegando a noite e ela poderia ficar perdida. Desembarcando em SP, o pai se ofereceu ajuda para levar a menina a um hotel provisoriamente, até a manhã seguinte procurarem um local adequado. Ela aceitou e o único hotel que ele conseguiu acomodá-la foi em um na Pç da República. A menina que eu resolvi chamar de Janete resolveu conhecer o carnaval paulista, deixou sua mala no quarto e saiu para a noite paulistana, voltando meia hora depois sem dinheiro, sem documentos, sem cartões e sem nada que tinha dentro da pequena bolsa verde limão. O Pai na manhã seguinte, como combinado, foi resgatá-la e assustou-se com a notícia, ele tinha alertado ela quanto a não sair do hotel...
A menina não tinha dinheiro, não tinha documentos, não tinha nada...
Jair como resolvi chamar o pai, levou Janete para casa, pois até o consulado liberar seus documentos e etc, ela estaria perdida. Janete chegou na Vila Madalena e conheceu Marlene a mãe, Carolina a narradora da história, e Artur o cachorro fox paulistinha que havia sido criado pela família desde pequeno.
Artur não gostou da estrangeira desde o início, mas se adaptaram do jeito deles, ela evitando-o ao máximo e ele latindo loucamente toda vez que a via pela casa. Janete passou o sábado de carnaval fazendo programas com a família. A noite foram ver o desfile das escolas de samba e ela ficou completamente encantada e apaixonada por todas aquelas cores e alegria. Na volta, Carolina arrumou uma cama no seu quarto para acomodar a visita. Na manhã de domingo quando Carolina acordou e Janete não estava no quarto, mas suas coisas ainda estavam lá. Ela não estava em nenhum lugar da casa, nem ela, nem Artur. Já era segunda feira quando encontrei com ela no metrô, e a equatoriana ainda não tinha dado sinal de vida.
Estação Tietê anunciou o motorista, e eu desembarquei.

segunda-feira, 2 de março de 2009

Fragmentos de mim





Ela até já escreveu o roteiro de um filme, nem ela sabe como, mas o escreveu em apenas dois dias, com indicação de direção e trilha. Foi rápido e fácil naquele momento e ela gostou muito... mas ela gosta mesmo de escrever sobre coisas que de repente lhe vem na cabeça, coisas que ela nunca pensou antes como por exemplo o perfume da torta de maça que a avó fazia quando ela era criança, sendo que tem pouquíssimas lembranças da infância, e nunca teve uma avó que cozinhasse nada. Coisas que realmente só existiram para ela, ou não, como formiga que um dia assaltou o seu armário.... histórias dos recortes de jornal da sua coleção, histórias de pessoas dos trens e metros.
Perfumes que a fazem seguir, e inspiram páginas e páginas. Sabores, olhares, medo, ansiedade...
Beijos.
Pequenos segundos que tornam –se eternos nas escritas cegas.
Parece que cada um desses estímulos reage no seu corpo como um turbilhão de palavras e sensações.
Após meses de silêncio, a curiosidade do enigmático toque confuso, a fez escrever horas naquele ônibus escuro, palavra sobre palavra, quase uma psicografia.
Pensou em escrever sobre como se sentiu com cinco anos ali perdida naquela praia lotada, como sentiu medo, e o corpo vivo e respirando, como se todas as suas células estivesse em total alerta. Passava o olho por toda aquela multidão quase nua, mas não via nada, só seguia a imagem fotográfica da canga amarela manchada de azul apoiada na cadeira e o guarda - sol vermelho e branco. Pensou em escrever também sobre os beijos mascarados e coloridos vistos naquelas pessoas sem nome, sem sexo.
Como um raio laser que passa no seu corpo nu e o desfragmenta, resolveu escrever sobre o dia que se apaixonou perdidamente por um tal de Ernesto desde o primeiro beijo, Ernesto era um homem forte, carreira de advogado sólida, carinhoso, dedicado,
ela o encontrava e seus olhos brilhavam como pedrinhas de brilhante, genuíno,
aqueles dois olhos castanhos escuros e profundos como dois buracos negros onde ela estava prestes a se perder, e se perdeu, se conectavam exatamente e perfeitamente com o beijo macio e demorado de cada encontro.
tudo era perfeito... embora ela fizesse o estilo dura na queda, os pés flutuavam...
Ela já o conhecia tão bem, cada detalhe.
O tempo se passou.... o olhar ficou raso, o beijo breve, e frio, frio, gelado mesmo, a língua fria, a textura seca, mas os pés ainda flutuavam, flutuavam no andar embriagada como em um colchão grosso e macio. Ela pensou: Quem será ele?
O tempo passou, o olhar modificou novamente, as mão voltaram a ficar acessíveis e disponíveis, mais carinhosas, as palavras sussurradas aos ouvidos e a todos os ouvidos voltaram a ser ditas, mas... para ela... não tinham mais importância!
E um dia ela conheceu Leandro, que sempre teve mãos leves e doces, e calmas e amorosas, seu olhar castanho escuro sempre foi um poço sem fim, ela quase não o conhecia, seus pés nunca saíram do chão. E assim foi por tempos e tempos seu declarado amor, mas ela nunca quis saber...
O tempo passou, ela o encontrava esporadicamente em eventos sociais / profissionais, e ele sempre com aquele olhar de artista, que olha e olha, que não perde um só segundo dela, olha todos os detalhes e movimentos, e ela vendo tudo, sorri e parte!
Um dia ele sumiu, Leandro sumiu, e ela sentiu no peito nunca ter se dado a chance de conhecê-lo. O reencontro foi triste, porque ela viu claramente o encanto como um encanto, mas já era tarde!
Ontem ela conheceu você... mas ela não te conhece, nem seu olhar castanho escuro profundo.
Que doce surpresa, o te conhecer sem te conhecer... e sem nada esperar!

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

Às vezes eu penso antes do pensamento........

domingo, 1 de fevereiro de 2009

Pior que telemarketing, só mesmo a gravação


O celular apitou três novas mensagens no correio de voz, de três números desconhecidos. A gravação, de voz bem familiar, diz:
(15h)
Por favor, digite a sua senha e em seguida tecle asterisco.
Dois, quatro, sete, cinco #
Senha incorreta, por favor, digite a sua senha e em seguida tecle asterisco.
Dooois, quaaatro, seeete, ciiinco #
Senha incorreta, por favor, digite a sua senha e em seguida tecle asterisco.
Doooooooooois, quaaaaaaaaatro, seeeeeeeeeeete, ciiiiiiiiiiiiiiiinco #
Senha incorreta, por favor, digite a sua senha e em seguida tecle asterisco.
(15h15)
Dois, quatro, sete, cinco, dois, quatro, sete, cinco, dois, quatro, sete, cinco, dois, quatro, sete, cinco ############
Senha incorreta, por favor, entre em contato com um de nossos operadores pelo telefone, # 8455.
#8455, a voz masculina bem familiar também diz:
Obrigada por ligar para a nossa empresa, se você está tendo algum problema técnico tecle um, se quer falar sobre a sua fatura tecle dois, se quer efetuar alguma compra tecle três, se quer ajuda com algum outro assunto tecle quatro, se quer falar com um de nossos atendentes tecle cinco.
Um.
(15h30)
Não entendi, vou repetir para que você possa escolher a opção adequada. Um, problema técnico, dois fatura, três compra, outro assunto digite quatro e cinco para falar com um de nossos atendentes.
Um.
Você está tendo dificuldades, por favor vou repetir mais uma vez para que você possa escolher a opção adequada. Um, problema técnico, dois fatura, três compra, outro assunto digite quatro e cinco para falar com um de nossos atendentes.
Uuuuuuuum.
Entendi, para que possamos localizar o problema digite o código da sua fatura, ou o número do CPF do titular.
003306777746
(15h40)
Código inválido. Por favor digite o código da sua fatura que está no canto direito superior, ou o número do CPF do titular.
Meu Deeeeus 003306777746.
Pronto localizei. Agora se você acha que o problema é na linha digite um, não tem problema se você não tiver certeza. Agora, se você acha que é um problema de sinal, tecle dois.
Um.
Não entendi, vou repetir para que você possa escolher a opção adequada. Se você acha que o problema é na linha digite um, não tem problema se você não tiver certeza, digite um, se você acha que é um problema de sinal, tecle dois.
Uuuuuuuuuuuuum.
Certo, vou te transferir para um atendente especializado, mas antes vou te passar o número do protocolo, por favor anote: 581236. Se você deseja que eu repita o número do protocolo digite um, se não digite dois que eu transfiro sua ligação imediatamente.
Dooooooooooooois.
Entendi, vou transferir a ligação.
(15h55)
Os: entra a musiquinha.....
musiquinha.........
musiquinha......
musiquinha..........
(16h05)
musiquinha.......
musiquinha..............
musiquinha..........
musiquinha.......
(16h20)
Tu tu tu tu tu tu tu tu tu tu tu tu ...........

quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

Feliz aniversário papai!


Lembro da gente correndo na pista de corrida da Unicamp e praticando salto a distancia, eu devia ter uns sete anos, me sentia a menina mais corajosa e capaz. Estávamos treinando para as olimpíadas do Rio Branco, lembra?? Não me lembro se ganhei ou não, mas lembro da sua atenção em estar comigo ali naquele momento,.como esteve em tantos outros quando precisei, nos alegres e difíceis. Lembro do pássaro preto, o Negão, e tinha também um coleirinha e um bigodinho que cuidávamos e eles cantavam... cantavam. Sempre me ensinou a preocupação com os bichinhos e plantinhas. Lembro de quando eu fazia alguma coisa errada.... você me sentava na sua frente e falava comigo, e eu entendia.... quando somos crianças e adolescentes fazemos muitas besteiras, mas foi com você que aprendi isso, que realmente eram besteiras. Pimentinha, magrissa, e o assovio inconfundível do meu pai, posso ouvi-lo a quilômetros de distância.... ai a distância. Sinto tanta saudade..... é difícil as vezes. Saí de casa tão cedo, já faz oito anos.... saí querendo conquistar o mundo, a enfrentar o que tivesse que ser para alcançar um sonho... uma certeza, assim como você me ensinou. E cai, e levantei... e cai, e levantei... e levanto até hoje porque tenho você, meu pai, a minha mãe e minha irmã que são minha riqueza, o tempo todo me incentivando, apoiando, socorrendo.... e isso para mim, é o melhor presente que eu poderia ter. Vocês! Não tenho muitas lembranças dos meus dois e três anos, mas lembro que você me fazia dormir no colo, com um paninho no rosto... e era tão aconchegante... suave, tranqüilo. Tem muitas coisas, preciosidades que eu não me lembro dessa época tão importante, mas vejo você cuidando do seu netinho e as vezes fico observando... você e a mamãe juntos educando, cuidando, ensinando coisas tão preciosas... pequenas e importantes, que fazem toda a diferença e é como se visse de perto porque hoje sou o que sou. O caráter inquestionável, a conduta exemplar, orgulharia a qualquer filha, como me orgulha muito. Só tenho a te agradecer nesse dia tão especial. Que bom ser sua filha, amiga e admiradora. Obrigada pela educação, apoio, socorro, confiança, amor, carinho, obrigada pelas palavras certas nas horas certas que você sempre tem para me oferecer. Obrigada pela preocupação e cuidado. Obrigada, obrigada, e obrigada. Desejo a você nesse dia, além de muita saúde, muitas felicidades, muito amor.... desejo também muitos sonhos, muitas realizações, idéias surpreendentes, que você continue transformando tudo ao seu redor, e inovando dentro de você a felicidade. Conte comigo sempre, sempre.... quando precisar é só assoviar... que eu vou! Te amo muito.