terça-feira, 28 de julho de 2009

coração de luto



Mil vezes pior que perder um amor, é perder amigo!
E mil vezes pior que perder um amigo, é não saber onde foi que a gente se perdeu.

Eu sinto saudade faz tempo... mesmo tendo você todos os dias aqui!

segunda-feira, 20 de julho de 2009


No trava da língua, que trava a palavra da frase a prosa que eu ia dizê.
No trava destrava do susto no peito, que prende o suspiro, sempre que te vê.
O nó na garganta que seca a saliva, que sobe e que desce parecendo tê.
A trava no zóio que se abre depressa e quase não pisca seguindo ocê.

inspinho mardito



Hoje a cama tinha inspinho
cada baita inspinhão
se eu virava de riba, cutucava bem na testa
se eu virava de vórta, bem no coração
se eu virava de bruço, furava na boca do estômigo
e de barriga pra cima, me expursava do cochão

Eita inspinho mardito
isso é hora pra cutucá?
o dia já raia lá fora
inté o galo se pois a cantá
e os cutuque desse inspinho num me deixa discansá

O que me acalenta o peito
é sabe que logo cedinho
um frôr linda e prefumosa
vai sair desses inspinho

sábado, 18 de julho de 2009

Eu... não fui.



Como se tivesse ouvindo Chico cantando (À flor da pele) para sempre na vitrola. Como se tivesse assistindo um filme num videocassete que só tem o botão de Play, ele não pára, não volta, nem acelera, ele não tem intervalo e também nunca chega ao fim. Ao fim que eu já estou cansada de saber... mas que nunca chega.
Eu mesma corto cada mecha e deixo meus cabelos curtos. Eu uso meu suspensório. Eu pinto as unhas de azul e falo pinto na reunião.
Eu não atendo. Eu não respondo. Eu não vou.
Ontem eu gostaria de ter ido, mas não fui.
Os motivos? Óbvios.
Meus amores? Fugiram.
Meus amigos? Queridos.
Meus livros. Meu caderno cor de rosa. Meu lápis da Faber amarelo. Meu computador. Meu copo de leite. Meus filmes na madrugada.
E principalmente, meus pensamentos.
Esses que não me deixam dormir, e também esses que me fazem dormir demais.
Esses que não me deixam sair, e são mais brancos que coloridos.

sexta-feira, 17 de julho de 2009

Almoço com o Lucão



ELA: Tá vendo esse mosquitinho aqui? Como ele pode existir, né? Ele é tão pequeno....
Como pode existir um ser tão frágil nesse mundo? Um serzinho vivo que vai e vem sozinho por aí... Será que ele pensa?
ELE: Não.
ELA: Mas se ele não pensa, como sabe que existe?
ELE: Ele não sabe.
ELA: Ele não sabe???? Mas... quanto tempo ele vive? Um dia, uma semana? Então para que ele vive?
ELE: Para quê vc vive?
ELA: Para quê ele vive uma semana só?
ELE: Para quê vc vive 80 anos?
ELA: Nãããão.... quero dizer qual é a sua função na natureza?
ELE: Então... qual é a sua? Se vc acredita em um Deus, e acredita que tudo tem uma função... eu não sei, mas eu acredito que ele simplesmente existe.
ELA: Mas tipo... ele nasce e sai voando? Simplesmente não sabe nem para onde ou porque... se reproduz com uma mosquita e morre, é isso? Ele não pensa tipo... agora eu vou voar para lá, agora para cá... que graça que tem? Como ele sabe que tem que se reproduzir? Como ele sabe como fazer isso? Como é esse tal de instinto? Ele é como se fosse... programado?
Eu conheço uma formiga que pensa...
Eu conheço formigas pessoas, e pessoas mosquitos.

segunda-feira, 13 de julho de 2009

TITO - O véu de Berenice



Então eu li:

"... o imperador de Roma, dissera-lhe ele, pode fazer tudo, não tem outro freio, outro controle senão a si próprio, e isso é o que pode acontecer de mais terrível a um indivíduo. Se tantos dementes ocuparam o trono dos Césares, é porque se trata de uma função que causa loucura..."

sábado, 11 de julho de 2009

repostagem!



Só no inverno eu consigo me lembrar do frio que faz o vento frio do inverno... e só no verão eu consigo me lembrar do cheiro das chuvas fortes de verão. Hoje ela durou exatamente 30 segundos. Subi as escadas correndo para fechar as três janelas. Fechei a primeira, e vi pelo vidro a cortina de água formada lá fora, gotas grossas e rápidas caiam do céu como se tivessem vida, formando e desformando desenhos sob os telhados, determinadas a cair. Corri, fechei a segunda, e ouvi o vento regendo a orquestra, fechei os olhos e ouvi o som.... a música. Corri, mas já havia molhado a colcha azul, e antes que eu alcançasse a terceira... a chuva parou. Debrucei na janela molhada e estendi a mão para fora, senti o vento suave.... mas nem uma gota de chuva... nem grossa, nem fina. A dama da noite dançava com o vento... movimentos circulares e leves acompanhavam o canto suave, e seu perfume se espalhava mais que o normal, como se estivesse mais feliz. A orquídea amarela que nasceu ali por acaso, acompanhava agarrada no tronco. Fiquei ali observando com a mão esticada...
Cai chuva cai... quero dançar também, hoje eu realmente não me lembro do frio que faz o vento frio do inverno.

sexta-feira, 10 de julho de 2009

eu quero um texto...



Que me caiba na boca
Que me caiba nas mãos, no osso torto do ombro
Que te faça chorar
Que te faça voar
Que me faça chorar e rir... e ir
Que nos tire a respiração
Que me acelere o peito, e o seu junto
Que me formigue as mãos, e as suas também
Que me bambeie as pernas, e te leve comigo
Que te faça sair em silêncio
Que te faça sair falando e falando
Que te faça ficar, o meu canto
Que me sinta em cada pausa e movimento, em cada respiração
Que te olhe nos olhos e mostre o quanto eu amo fazer isso
Que me olhe nos olhos e veja a verdade naquilo tudo
Aquilo tudo que não existe...
Só para quem estiver ali,
Eu... e você!