segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

retrospectiva!


Nem sempre sei quem sou. Ontem não gostava de beterraba, hoje gosto. As vezes surpreendo a mim mesma e aos outros, as vezes sou o que você espera que eu seja, o que você deduziu que eu fosse... outras vezes posso te surpreender, horrorizar, te encantar, deliciar, te enervar! Falo tão claramente o que penso e tenho atitudes tão transparentes que os outros as vezes não entendem ou acham que estou brincando. Pergunto diretamente o que me interessa, e falo abertamente o que quero... e o que não quero, mas algumas pessoas se fazem de desentendidas, ou riem, que pena... para elas, por isso rio também!! Canto desafinado, mas canto mais alto que todos que estão cantando, costumo dançar esquisito e usar vestidos estampados com xale, alguns acham estranho mas eu gosto. Num mesmo dia posso ser a pessoa mais feliz e infeliz do mundo. Amo e odeio ficar sozinha. Adoro cachorro, porque eles olham nos olhos e realmente não precisam falar nada. Acho estranhas as pessoas que criam uma fantasia e fazem uma cena para conseguirem o que querem, sendo que se falarem sinceramente é tão mais fácil, porque sabemos quando estão mentindo. Mário Quintana diz: Nunca olhe nos olhos de alguém, se não quiser vê-lo se derramar em lágrimas por ti. Penso o contrário, com todo o respeito, mas olhe nos olhos de todos, e deixe ver o que você realmente deseja.
Gosto de flores no peitoral da janela do quarto, e gosto das festas na minha casa, (adoro). Gosto de confiar, de abraçar, beijar, demonstrar, questionar. Às vezes as pessoas que eu questiono não entendem realmente o porque, mas para mim não importa porque só conhecemos aquilo que cativamos, e elas realmente não me conhecem!

recontando!



o tempo que cura, e o tempo que adoece, o tempo que renova e amarga,
que preenche e esvazia.... esvazia..... de quanto tempo estamos falando?
o tempo que espera... espera.... de quanto tempo estamos falando exatamente?
como vivemos no compasso do tempo, desse mesmo tempo se para mim o tempo é mais rápido, e demorado...
nem todos os dias tem 24h!
quanto tempo dura uma saudade?
demora.... demora...
e quando chega passa rápido, rápido!
e demora.... devora....
que relógio pode contar a falta que eu sinto de você.....
meu Deus, mas...
quem é você?

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

reconhecimento total!



Prefiro morango. Prefiro morrer de amor, do que viver sem amar. Prefiro arriscar tudo mesmo desconfiando que não vai dar certo. Prefiro tomar a iniciativa do que esperar que alguém faça alguma coisa. Prefiro tocar do que dançar conforme a música. Prefiro pintar a unha de azul do que seguir a moda. Prefiro ficar sozinha do que mal acompanhada. Prefiro ser atriz sem grana do que advogada rica. Prefiro samba que música eletrônica... porque bate no coração e na alma, porque posso ser o que eu quiser inclusive uma advogada rica, porque sou uma ótima companhia, porque gosto de unha azul e foda-se a moda, porque se quero um rock... é um rock que eu vou ter, porque assim as coisas se resolvem mais depressa, porque tudo muda sem a gente esperar, porque amar é viver, porque é doce... e azedo!

de novo o inesperado!


O que chamou a atenção foi o som da flauta que mesmo sendo transversal era doce. Sentou na janela do quarto, a brisa compunha a cena fazendo seus longos cabelos indicarem a direção do som. Ali de cima ela podia ver tudo, toda a vizinhança. Os quintais das casas de trás, as fachadas das da frente, e as janelas das que também eram sobrados. As vezes espiava pela fresta da janela por um dia inteiro a rotina de uma casa, gostava de saber como as pessoas agem quando não sabem que estão sendo vistas. Viu aquela briga do casal da frente, a discussão durou três dias, e a reconciliação seis, acompanhou cada capítulo com imenso entusiasmo. Viu quando o cachorro da vizinha morreu, e não tinha ninguém em casa, viu quando eles chegaram e a tristeza. Ouviu e viu os dias que a criança da esquerda a frente gritava chamando o Papai Noel e o vizinho colado aqui a direita respondia ho ho ho, e a menina ficava muda olhando com cara de quem viu assombração, mas feliz. Não comentou com ninguém, agiu como se fosse segredo, e as vezes a menina ia até a janela e chamava novamente por ele.... e ele respondia... e ela saia satisfeita. Hoje todas as janelas estavam fechadas menos essa. A Lua não apareceu nesse dia, mas haviam algumas estrelas, poucas, mas presentes. As nuvens brancas contrastavam com o azul escuro do céu, e também seguiam o som, tomando formas que só para ela faziam sentido. O telhado da casa da frente cobria o terraço da casa do outro lado da rua, onde estavam todos eles tocando e cantando, ela não via, mas ouvia cada nota. Uma voz linda cantava Chico, sua música preferida, numa afinação surpreendente, pensou em ir até lá e tocar a campainha, mas sentiu que o resto também lhe dava muito prazer. Olhar as nuvens, as casas dormindo, o perfume que a brisa trazia, o friozinho da madrugada, tudo se encaixava perfeitamente com a música, viu que queria estar exatamente ali, onde estava. Gostava de ficar sozinha, mesmo sendo sábado. Pensou que poderia estar em milhares de lugares nesse momento nessa cidade grande, cheia de infinitas possibilidades, mas realmente preferia estar ali. A dama da noite floria de novo, flores tão pequenas e tão perfumadas. Olhou em volta e algumas casas já piscavam as luzinhas de Natal. Algumas amarelinhas piscavam desordenadas nas sacadas e janelas de uma casinha bem a direita no fim da rua, e umas vermelhinas e verdes acompanhavam o telhado duas para cá. A esquerda do lado de cá da rua via um Papai Noel inflável preso no muro. Ele não estava nem em cima nem embaixo, estava amarrado bem no meio do muro, flutuando. Ela lembrou da mãe que iluminava a casa toda no Natal. Contornava cada porta por dentro e por fora. Eram luzinhas brancas que piscavam e tocavam música. O pai companheiro como sempre tratava de pregar tudo com seu cuidado especial. E tudo ficava lindo. Iluminado.
De repente a música parou, ouviu a conversa de longe, mas não entedia o que diziam. Ouviu eles entrando na casa e nessa hora, que acenderam a luz de dentro, viu todos passarem pela sala com garrafas, copos, e instrumentos... carron, flauta, chocalho, baixo acústico (grande e lindo, ela ficou hipnotizada durante a sua passagem breve pelo curto espaço da janela), acordeon, pandeiro, e violão. A última a passar que estava sem instrumento nenhum aparente, e devia ser a dona da voz, fechou a janela. Ela olhou a última vez para o céu e pulou para dentro do quarto, deitou e se enrolou no cobertor macio, e fechou os olhos, tinha muitas coisas para pensar agora.

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

A avó



Desde pequena sua avó lhe ensinou:
Minha filha, só faça questão, de quem faz questão de você!

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

o oco!


Ela apoiou os cotovelos na sacada de ferro gelada, a rua estava deserta e a pouca luz dos postes refletia nos paralelepípedos molhados pelo chuvisco, dando um tom adouradado à cena. Puxou o último cigarro do maço, prendeu-o entre os dentes e observou quieta por um instante o barulho do silêncio. Então, acendeu e deu um longo trago saboroso, enchendo os pulmões de fumaça, e soltando vagarosamente deixou tudo sob uma névoa branca e densa. Não ventava muito naquele verão e as poucas árvores que davam à rua um aspecto de interior, estavam intactas no dourado nebuloso daquela noite de terça feira. Pareciam olharem para ela, compartilhando cada tragada daquele silêncio oco. Virou-se e viu o quarto de colcha rosa e armários brancos. A pequena luminária ligada na tomada era quem iluminava tudo de lilás. A porta da sacada de vidros coloridos estava entreaberta e registrava seu reflexo parada, fumando. O vento começou de repente, as folhas desprendiam-se das árvores e dançavam sincronizadamente como num balé. Ela já tinha visto essa cena, num outro dia, menos triste e menos vazio. Os pingos cheios começaram a cair e deram um ritmo duro a situação toda. E ela, permaneceu ali, parada, fumando. Deixou a chuva molhar seus cabelos curtos, seu corpo inerte, e suas unhas azuis.