quarta-feira, 17 de setembro de 2008

esquadros



Eu ando pelo mundo, prestando atenção em cores que eu não
sei o nome, cores de Almodovar, cores de Frida Kalo, cores...

Passeio pelo escuro, eu presto muita atenção no que o meu
irmão ouve, e como uma segunda pele, um calo, uma casca,
uma cápsula protetora, eu quero chegar antes, pra sinalizar
o estar de cada coisa, filtrar seus graus.
Eu ando pelo mundo
divertindo gente, chorando ao telefone, e vendo doer a fome
nos meninos que tem fome
.
Pela janela do quarto, pela janela
do carro, pela tela, pela janela, quem é ela, quem é ela?
Eu vejo
tudo enquadrado, remoto controle.
Eu ando pelo mundo... e os
automóveis correm para quê? As crianças correm para onde?

Transito entre dois lados de um lado, eu gosto de opostos,
exponho o meu modo, me mostro,
eu canto para quem? Eu
ando pelo mundo, e meus amigos, cadê? Minha alegria, meu
cansaço...
Meu amor cadê você? Eu acordei,
não tem ninguém ao lado.

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