Eu ando pelo mundo, prestando atenção em cores que eu não
sei o nome, cores de Almodovar, cores de Frida Kalo, cores...
Passeio pelo escuro, eu presto muita atenção no que o meu
irmão ouve, e como uma segunda pele, um calo, uma casca,
uma cápsula protetora, eu quero chegar antes, pra sinalizar
o estar de cada coisa, filtrar seus graus. Eu ando pelo mundo
divertindo gente, chorando ao telefone, e vendo doer a fome
nos meninos que tem fome. Pela janela do quarto, pela janela
do carro, pela tela, pela janela, quem é ela, quem é ela? Eu vejo
tudo enquadrado, remoto controle. Eu ando pelo mundo... e os
automóveis correm para quê? As crianças correm para onde?
Transito entre dois lados de um lado, eu gosto de opostos,
exponho o meu modo, me mostro, eu canto para quem? Eu
ando pelo mundo, e meus amigos, cadê? Minha alegria, meu
cansaço... Meu amor cadê você? Eu acordei,
não tem ninguém ao lado.
quarta-feira, 17 de setembro de 2008
esquadros
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